segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Tarefa cumprida, camaradas!


De abril a dezembro de 2012, algo assim como um estalar dedos no tempo histórico, encerraram-se as vidas de Carlos Vilela, Djalma Xavier, Dora Alves, Carlos Nelson, Sérgio Miranda, Oscar Niemayer e Alcir Henriques, nessa ordem trágica. Todos amantes da liberdade. Todos fiéis aos anseios populares. Todos comprometidos com o mundo do trabalho. Todos revolucionários. Todos brasileiros internacionalistas. Todos comunistas. Todos integrados ao vasto caminho orgânico aberto em Niterói naquele março de 1922.


Que identidade! Que coletivo! Contudo – como para comprovar suas condições, também análogas, de inimigos da mesmice –, que singularidades em suas trajetórias e personalidades! Caso fossem vistos na condição de metáforas da sociedade futura, licença poética que ninguém ousaria contestar, poder-se-ia imaginar de pronto as individualidades florescendo.

Enganam-se os fanáticos da ordem do capital quando pensam – alguns com a crendice dos tolos – que os marxistas nascem, agem, dormem, suspiram e morrem dentro de uma fôrma! Olhem suas faces, vasculhem seus passados, meçam suas estaturas morais, considerem seus pensamentos, mirem seus propósitos e até avaliem seus generosos erros: caberiam em alguma caixa de compras, que nas liquidações se enchem de bugigangas? Ora, as urnas com seus corpos ou cinzas inertes estão muito longe de conter as transcendências que protagonizaram.

O mínimo a dizer – não propriamente aos que já cumpriram o pequeno tempo de escutar, mas aos que ainda estão ouvindo – é que jamais serão esquecidos o gosto de Carlos Vilela pela conversa longa, os valores criados por Djalma nas greves dirigidas com maestria, as mulheres operárias em Dora combinadas, a inquietude intelectual de Carlos Nelson, a preocupação orgânica de Sérgio com a realidade do povo, as curvas petulantes de Niemayer a trespassar o espaço e o gesto de Alcir inacabado como este mundo em movimento infinito.
Todavia, mais que objetos da memória, ficam suas práxis consubstanciadas em realizações concretas, que de algum modo tocarão mesmo aqueles que jamais souberam de suas existências. Ninguém escapará de seus legados. Para a burguesia, a obra que desafiará sem remédio. Para o senso comum, a que muda insuficientemente o cotidiano. Para seus camaradas, o acúmulo rumo à emancipação integral da humanidade, cuja exemplificação e antecipação lhes deram a honra e o privilégio de ver e compartilhar.

Belo Horizonte, 1º e 2 de dezembro de 2012,
O Comitê Central da Refundação Comunista.


90 anos de movimento comunista partidariamente organizado no Brasil
95 anos da greve Geral de 1917 em São Paulo

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