quarta-feira, 17 de outubro de 2012

No 2º turno, derrotar a direita e fortalecer a unidade popular


A 1ª rodada das eleições municipais se realizou em pleno agravamento da situação internacional. Por todos os cantos ecoam os estalos da crise mundial do capitalismo. Medidas de “austeridade” são aplicadas pelos magnatas financeiros e seus políticos, para tentarem salvar sua ordem exploradora e opressora às custas dos trabalhadores e dos povos. Até mesmo os ideólogos burgueses reconhecem a grave situação: em face de uma Europa à beira do abismo, o FMI reduziu a expectativa de crescimento.

No Brasil, a degradação do quadro econômico interno é evidente. A previsões já estão bem abaixo dos prognósticos oficiais anteriores, especialmente no que tange à indústria. Segundo o IBGE, foi de 0,7% a média de crescimento nos dois 1ºs trimestres deste ano e de apenas 1,2% nos doze meses anteriores a junho. Na projeção atual para 2012, o PIB deve crescer apenas entre 1,5 e 2,5%.

Entretanto, tais temas, apesar de fundamentais, não apareceram no debate e no processo eleitoral. A disputa, apequenada, foi marcada pelos discursos e métodos da oposição vinculada diretamente aos monopólios e ao latifúndio. Unida em diversas frentes – dos carteis da comunicação a instâncias do Estado, como o STF – as forças mais conservadoras atacaram o Governo Federal e seu principal partido.

A esquerda não deve enganar-se. Sob esse alvo eleitoral fácil e simplificado, sob essa disputa que tenta arrastar todos à vala comum da sujeira e da mediocridade, o que na verdade a reação deseja e pretende, além de controlar os governos municipais, é desmoralizar, isolar e soterrar quaisquer pensamentos progressistas, lutas democráticas, direitos trabalhistas e movimentos populares.

Tal propósito real e prioritário foi facilitado pelo Planalto e pelas agremiações do campo situacionista, sobretudo as mais influentes, que alimentaram os ataques contra si próprios. Além de estarem divididos por interesses distintos e entregues a cálculos oportunistas para 2014, seus erros na relação com a coisa pública municiaram a artilharia adversária, sua política se mostrou indecisa, evasiva ou francamente defensiva, sua linha eleitoral dificultou a mobilização popular e, com raras exceções, suas campanhas reproduziram métodos tradicionais.

Por seu turno, os partidos legais de oposição à esquerda, ao manterem posturas exclusivistas, também dificultaram a ampla unidade dos setores democráticos e populares. O resultado foi a escalada de sectarismo e a redução dos avanços institucionais para muito aquém das possibilidades existentes. As exceções ocorreram nos poucos locais onde experiências avançadas foram ensaiadas e se apontaram caminhos novos.

Agora, no 2º turno – embora sabendo-se que, em sua maioria, os governos municipais nada terão de novos e continuarão nas mãos de partidos incapazes de fazerem as reformas sociais de fundo que os trabalhadores e o Brasil precisam –, pode haver uma derrota fragorosa dos setores mais reacionários da política nacional e a criação de condições favoráveis para mais e melhores lutas. Os revolucionários não são indiferentes ao que acontecerá nas prefeituras. Ademais, a decadência eleitoral definitiva dos conservadores dissuadirá os retrocessos e abrirá uma brecha maior para o diálogo qualificado com as maiorias.

Portanto, nas cinquenta cidades onde a disputa continua, a Refundação Comunista convida, além de seus militantes, simpatizantes e aliados, todas as forças políticas e ativistas sociais para centrarem suas ações contra os representantes demo-tucanos, inclusive contra seus testas-de-ferro de sempre e seus aliados permanentes ou de ocasião. Declara que, salvo exceções, eventuais atitudes abstencionistas, além de aprofundarem o isolamento de quem as encampe, só reforçarão o que há mais arcaico na política. Ao mesmo tempo, reafirma o seu compromisso com a construção de uma frente  política capaz de colocar nas mãos do povo o seu próprio destino.

Como exemplos desta tática eleitoral, os comunistas apoiam: em Belém, Edmilson Rodrigues, do PSOL, por expressar concretamente a aliança popular; em São Paulo, Fernando Haddad, do PT, para derrotar a direita na mais importante cidade do País; em Salvador, Nelson Pelegrino, do PT, para colocar uma pá de cal sobre o que sobrou do “carlismo”; em Fortaleza, Elmano Freitas, do PT, para ajudar na vitória contra setores da oligarquia cearense; e em Manaus, Vanessa Grazziotin, do PCdoB, para combater o símbolo do neoudenismo congressual.

 

Brasil, outubro de 2012,

O Comitê Central da Refundação Comunista

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